quinta-feira, 6 de março de 2008

Maldita coceira, cuidado com os erros de português!

Coceira Maldita

Flor nasceu uma menina vigorosa, saudável, feliz e de sorriso fácil.

As coisas caminharam assim até a adolescência. Mais ou menos lá pelos 12 anos, tornou-se extremamente quieta e sempre chorava pelos cantos. Foi nessa época que descobriu uma alergia inédita no mundo. Visitou os melhores médicos (os piores também), seguiu todas as orientações da “medicina popular” (Eita povo criativo, tem solução para tudo. Como diz o ditado, de médico e louco todo mundo tem um pouco), tomou banho com todas as ervas, usou todos os remédios naturais, rezou para todos os santos, freqüentou todas as religiões e nada de solucionar o problema. A coceira foi tomando conta de Flor, deixando-a desesperada a maior parte do tempo. A alergia só dava uma trégua quando ela ficava sozinha.

Um dia Flor encontrou um senhor na rua (daqueles que contam detalhadamente todas as situações já vividas). O monólogo seguia assim:

- A gente vivemos um tempo de menas alegria. Há muito tempo atrás os cidadões faziam ações beneficientes. Hoje, a nível de solidariedade, tudo mudou-se. Você acredita que ontem eu estava subindo para cima e uma senhora passou por mim meia cansada, abatida, coitadinha, deve ter chego com muitas pertubação na cabeça. Eu observei que ela comia dois pãozinhos com mortandela e mais ou menas duzentas gramas de salame (mulher gulosa...nem oferece um pedaço pra gente. Deve de ser por isso que ela ta meia gordinha)...blá...blá...blá.

No início da conversa, a coceira apareceu discretamente. Três horas depois, a situação estava incontrolável e Flor saiu correndo para a sua casa (ali a coceira não a atacava, exceto quando alguém a visitava).

De repente, o telefone toca. Ela o atende e descobre que se trata uma vendedora de telemarketing, que já disparou a explicar algo para a pessoa do outro lado.

- Eu gostaria de estar verificando, a nível de pesquisa, se a senhora já sabe das promoções desse mês. O valor que a senhora pagava na assinatura caiu para baixo e isso é ótimo, não acha? Vou estar enviando os novos foletos para que a senhora mude a assinatura para o pacote plus. Daqui três dias eu ligo para mim fazer as alterações e blá..blá...blá.

Flor rolada no chão, sem coragem de desligar o telefone. Ouviu a atendente de telemarketing durante 48 minutos e, finalmente, teve sossego com o fim da ligação.

Aos 62 anos, seu corpo estava tomado por cicatrizes. Ela não podia sair de casa ou receber visitas, mas acreditava que nem tudo estava perdido, pois descobriu a origem de sua maldita alergia: ERROS DE PORTUGUÊS!

Hoje, aos 140 anos ela fez uma nova descoberta: é imortal e, toda vez que alguém comete um erro de português no mundo, a coceira a ataca sem dó.

Portanto, na condição de amigo, eu os oriento: Muito cuidado ao falar, essa alergia é cruel e já infectou várias pessoas pelo mundo. As maiores vítimas são aquelas que tratam as palavras de qualquer jeito. Se você despreza as palavras, as chances de se coçar pelo resto da vida chegam a 98%!


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